Maranhão: Após três anos, familiares e amigos esperam justiça pelo assassinato covarde de Salomão Matos dos Santos

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Em um caso que tem gerado grande comoção pública e desconfiança sobre as forças de segurança, Salomão, um auxiliar de perícia da Polícia Civil, foi morto em 2021 após ser perseguido por policiais velados da Polícia Militar do Estado do Maranhão enquanto voltava para casa, em São José de Ribamar.

A situação, inicialmente relatada como uma operação oficial, levanta sérias dúvidas sobre a conduta dos policiais. Eles não estavam fardados e em momento nenhum apresentaram identificação.

O Incidente

No dia fatídico, Salomão, que tinha porte de armas, estava em uma lotação voltando para casa. Em determinado momento, ao passar por uma ponte escura, um tenente e um sargento da Polícia Militar começaram a persegui-lo. Mesmo após se identificar, Salomão foi alvo de disparos, sendo atingido duas vezes. Não houve socorro imediato, e a arma de Salomão não foi encontrada no local.

A Polícia Militar alegou que o sargento envolvido no incidente foi atingido durante a ação, mas investigações posteriores revelaram que ele foi atingido pelo próprio tenente que o acompanhava naquele momento, indicando um possível forjamento de cena. Laudos periciais da Polícia Civil confirmaram que Salomão não reagiu, sendo executado pelos policiais.

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MA) estabeleceu uma investigação para denúncias de policiais militares à paisana envolvidos em assassinatos no Maranhão. A decisão veio após uma série de casos suspeitos, incluindo a morte de Salomão. Em todos esses casos, foi identificado abuso de autoridade dos suspeitos, que atuam sempre logo após a morte de policiais militares.

Diversos inocentes foram mortos pelos policias sem fardamento, que andam em carros caracterizados com o intuito de dificultar a identificação desses que além de tudo, também realizavam investigações paralelas às oficias da corporação.

Conduta dos Envolvidos

Contrariando os protocolos oficiais, os policiais não aguardaram a chegada de socorro e fugiram do flagrante, alegando terem se emocionado ao ver quem era a vítima. O tenente envolvido, que havia sido expulso da corporação e reintegrado por ordem judicial, tinha um histórico de extorsão de cadetes da Polícia Militar do Estado do Maranhão.

Audiências e Desdobramentos Legais

Nesta quarta-feira, (20), foi realizada a primeira audiência de instrução e julgamento, com a segunda parte marcada para 31 de julho. Após essas sessões, tanto a acusação quanto a defesa apresentarão suas alegações finais, e o juiz decidirá sobre a pronúncia dos acusados. Caso a pronúncia seja positiva, os envolvidos irão a julgamento no tribunal do júri, onde sete jurados decidirão por maioria se são culpados ou inocentes pelo assassinato de Salomão.

A morte de Salomão gerou uma manifestação com mais de 50 pessoas pedindo justiça. Sem antecedentes criminais e prestes a prestar um concurso para a Polícia Federal, Salomão havia servido por oito anos como tenente temporário no Exército Brasileiro.

O primo de Salomão e advogado, Dr. Suenilson Sá, mesmo residindo no Distrito Federal, atua como assistente da acusação ao lado do Dr. Fidelix Neto e do Dr. Sérgio Marques, e estará presente na sessão do tribunal do júri caso o julgamento seja levado adiante. Ele fará sustentação oral ao lado da acusação.

Contexto Político e Participação de Doutor Yglésio

Deputado Estadual Dr. Yglésio é a autoridade estadual mais comprometida desde o início, com a apuração do assassinato de Salomão.

Na época do incidente, o governador do Maranhão era Flávio Dino, atualmente ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Dino foi criticado por sua omissão no caso, o que gerou indignação entre a população e familiares de Salomão.

Paralelamente, o deputado estadual Doutor Yglésio desempenhou um papel significativo na busca por justiça. Desde o início, Yglésio exigiu uma investigação rigorosa sobre o assassinato de Salomão, denunciando publicamente as irregularidades cometidas pelos policiais envolvidos. Ele usou sua posição para pressionar as autoridades competentes a apurarem os fatos e garantirem que os responsáveis fossem levados à justiça.

O caso da morte de Salomão é um exemplo trágico das complexidades e desafios enfrentados na busca por justiça e transparência dentro das forças policiais. A resposta da comunidade, as investigações e os processos judiciais em andamento mostram a importância da vigilância pública e do cumprimento dos direitos humanos. No entanto, a morosidade na resolução do caso e a aparente impunidade dos envolvidos são preocupantes.

É inaceitável que, mais de três anos após o assassinato, ainda não haja uma resolução clara e os responsáveis não tenham sido devidamente punidos. A recente imagem de um dos policiais envolvidos desfrutando de momentos de lazer em uma praia, vivendo sua vida normalmente, é um símbolo chocante da falha do sistema de justiça em garantir a responsabilização e a punição adequadas.

Com a próxima audiência marcada para 31 de julho, a sociedade aguarda com expectativa que o sistema judiciário cumpra seu papel e que a justiça prevaleça, não apenas para Salomão, mas para todos que acreditam na integridade e na responsabilidade das forças de segurança.

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