Há pouco menos de um mês, Eliane Laureano teve o último contato com a filha, Ariane, quando a jovem de 18 anos lhe contou que sairia para lanchar com amigos no dia 24 de agosto. A menina foi morta e ficou desaparecida por sete dias, e o corpo foi encontrado já em estado avançado de decomposição em 31 de agosto em uma área de mata no Setor Jaó, bairro de Goiânia. A Polícia Civil prendeu quatro suspeitos até o momento: Jeferson Cavalcante Rodrigues, 22 anos, Raíssa Nunes Borges, 19, e Enzo Jacomini Carneiro Matos, que se identifica como Freya, 18, além de apreender uma menor de idade de 16 anos, cuja identidade não foi revelada. Enquanto prossegue o sofrimento pelo que aconteceu com a filha, Eliane pede por justiça. “Eu era mãe, fui mãe solteira, mas era mais amiga do que mãe. Nós éramos muito próximas, dividíamos segredos. Ela era uma menina doce, amava animais, nunca fez nada para ninguém, nunca se envolveu em briga”, contou Eliane à Jovem Pan. “Eu estou dormindo à base de remédios, não sinto fome e perdi 15 kg em um mês, tenho tido ansiedade e crises de pânico. Não consegui entrar no quarto da minha filha ainda. Estou destruída”, disse a cabeleireira sobre o processo de luto que vive.
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A situação se agrava porque Eliane sequer pode fazer os ritos fúnebres da forma adequada. “Não teve como fazer um velório por causa do estado do corpo, não teve missa de sétimo dia. Estou tentando organizar uma homenagem, uma oração, no próximo domingo”, relatou a mãe. “Que a justiça dos homens seja feita e eles [os suspeitos] sejam condenados e paguem por isso. Minha preocupação é a menor de idade, que tem 16 anos, porque ela vai ser solta quando chegar aos 18”, lamentou. De acordo com a polícia, a motivação do crime é que a menor de idade acreditava que era uma psicopata, e o grupo queria testar se Raissa também era. Então, teriam feito uma lista com três possíveis vítimas e escolhido Ariane por ela ser pequena e magra, portanto, mais fácil de ser dominada caso tentasse reagir. Eliane, contudo, acredita que pode ter algum outro motivo. “Chamavam ela de burguesinha, de metida. Além disso, eu aceitava a opção dela [Ariane era homossexual], já que eu mesma tenho minha companheira, então acho que isso pode ter despertado inveja”, disse a mãe.
Outro ponto curioso é que Eliane já tinha visto dois dos acusados, Enzo e a menor de idade, quando acompanhava Ariane em uma pista de skate e em vídeos que a filha enviava das companhias com quem andava. Ambos mandaram mensagens para ela dizendo-se tristes pelo caso: Enzo, no dia em que o corpo foi encontrado, e a menor de idade, um dia antes de ser apreendida. A cabeleireira afirmou acreditar que nenhum dos dois fez isso por arrependimento, e sim para tirar o foco deles, já que outros amigos da menina estavam num grupo para compartilhar informações e haviam se comunicado com a mãe para lamentar a morte. Embora não fosse conhecido de Eliane, Jefferson também mandou mensagem perguntando como ela estava.
O grupo teria planejado o assassinato com um dia de antecedência, de acordo com a polícia. No dia do crime, a menor teria ligado para Ariane e a chamado para comer um lanche. Cada um dos quatro teria participado, com Jefferson dirigindo o carro e levando as facas; Enzo teria enforcado Ariane até ela desmaiar e Raíssa e a menor, por fim, a esfaquearam, após um estalar de dedos do motorista durante uma música que falava sobre homicídio. Depois do crime, o grupo teria colocado o corpo de Ariane no porta-malas, forrado com sacos de lixo por Jefferson, e o deixado numa mata. Na investigação, a polícia identificou primeiro o carro usado no crime, que foi o mesmo no qual os suspeitos teriam levado o corpo de Ariane até o local onde foi jogado. “Chegamos a eles após identificar o motorista. Ele confessou e apontou os demais envolvidos”, contou o delegado Marcos Gomes à Jovem Pan. Segundo ele, os suspeitos deram uma versão de que a motivação do crime teria sido também um suposto assédio de Ariane tentando ter relacionamentos amorosos com eles, mas que as investigações não apontam nessa direção.