Um relatório sigiloso, que aponta que o governo federal foi informado sobre a possibilidade de haver ataques violentos em Brasília no dia 8 de janeiro, foi enviado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para o Congresso Nacional. O alerta foi produzido pela Agência Brasileira Inteligência (Abin), subordinada ao GSI e compartilhada com 48 órgãos federais. O documento teria sido enviado ao governo dois dias antes dos ataques de vandalismo às sedes dos Três Poderes. No relatório, a Abin informava que havia identificado a convocação de caravanas em diversos Estados do país se deslocando para a capital federal e que os manifestantes teriam armas e a intenção de invadir o Congresso. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Justiça, Flávio Dino, negam ter sido informados. O fato deu mais força aos parlamentares de oposição no Congresso, que já estão pedindo em plenário a instalação de uma CPI para apurar uma suposta omissão e prevaricação por parte do governo federal no dia 8 de janeiro. Se a CPI for instalada, as imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto, que foram colocadas em sigilo, também devem se tornar públicas.
O documento foi enviado no 20 de janeiro à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência e é assinado pelo ministro responsável pelo GSI, o general da reserva Gonçalves Dias, que foi muito cobrado por não ter conseguido impedir a invasão dos vândalos. O ex-presidente da comissão mista, o senador Esperidião Amin (PP-SC), afirmou que já solicitou a desclassificação do caráter sigiloso do documento, uma vez que se referem a fatos que já ocorreram e não representam qualquer ameaça à sociedade ou ao Estado brasileiro.
*Com informações da repórter Berenice Leite