Guiados por cerca de 400 ônibus patrocinados sabe-se lá por quem, os golpistas alcançaram tranquilamente as sedes dos Três Poderes, escoltados pelas Forças Armadas, que deveriam zelar não apenas pela segurança do legítimo chefe de Estado eleito pelo povo brasileiro como também pelo patrimônio material do país. O conjunto de bestas-feras oriundos das profundezas do inferno cujo deus desconheço e que encontram-se presentes nos valores morais daqueles que vociferam em redes sociais palavras de ordem insanas atravessaram as “quatro linhas” da Constituição brasileira (expressão do ex-presidente que, mastigando pedaços de pizza e frango frito na esquina de algum estabelecimento fast-food, descansa em um condomínio estadunidense) e ilustraram as páginas dos principais noticiários dos seis continentes do planeta Terra. Isto sim significa “atravessar” limites. Países da África, América, Antártida, Ásia, Europa e Oceania assistiram perplexos à horda de ogros (monstros lendários) que, ensandecidos, dançavam, riam, fazendo pouco caso dos símbolos nacionais enquanto esfaqueavam obras de arte para posteriormente e, ao vivo, instagramar seu poder abjeto, destruindo seus troféus em tempo real para quem quisesse apreciar seus feitos. Valor imaterial, nossa imagem simbólica foi sendo corroída, lentamente, lá atrás, primeiro com o uso das cores da bandeira, depois com a utilização indiscriminada da camisa da seleção como uniforme de extremistas agressivos e, agora, mais recentemente, como terroristas verde-amarelos que tentaram destruir, com seu pretenso golpe em 08 de janeiro de 2023, os Três Poderes nacionais.
Teremos que reconstruir o significados das cores da bandeira. Que se aplique a lei vigente: utilizando-se de jargão popular, que se coloquem todos os responsáveis “em cana”, incluindo os financiadores e influencers digitais. Chega. Basta. Como arquiteta e urbanista não aceito a destruição de obras de arte, do mobiliário, dos edifícios, dos jardins e das áreas públicas que compõem a obra modernista de Brasília assinada por Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, pelo paisagista Burle Marx e que encontram-se inscritas como patrimônio mundial junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO. Trata-se de uma agressão ao povo brasileiro, um crime contra a humanidade. Ao destruir intencionalmente o patrimônio cultural de um país composto pela arquitetura, urbanismo, paisagismo, história e artes, estas bestas-feras que se autointitulam de ultradireita miravam destruir valores históricos e culturais brasileiros, aniquilando, como num crime de guerra, aqueles que escolheram como inimigos – todos os eleitores brasileiros que, pelo voto, escolheram o atual presidente da república do Brasil. Como colunista, urbanista e cidadã brasileira manifesto minha solidariedade ao governo e à população brasileira.