Fonte: Ricardo Noblat/Metrópoles
Aqui, podemos dizer que a certa altura da ditadura militar de 64, ela finalmente tirou a máscara e se assumiu como tal. Foi no dia 13 de dezembro de 1968, quando o país, em estado de choque, ouviu pelo rádio a leitura do Ato Institucional nº 5.
De todos os atos, foi o mais violento. Permitiu a cassação de políticos eleitos em todos os níveis, autorizou o presidente da República a intervir nos governos de estados e municípios, e suspendeu direitos e garantias constitucionais.
A ditadura já torturava e matava. Com o AI-5, passou a torturar e a matar muito mais, a pretexto de combater facções armadas da esquerda. Pelo menos três dos cinco generais-presidentes sabiam e autorizaram a tortura, as mortes e os desaparecimentos.
No início, o regime que o coronel Hugo Chávez pretendeu implantar na Venezuela não era uma ditadura. Alimentou-se de eleições consideradas livres e justas por organismos internacionais. Com a morte de Chávez, tudo desandou.
Assumiu Nicolás Maduro. Que à falta de carisma e apoio popular, em parceria com as Forças Armadas cooptadas por ele, começou a endurecer o regime. Seria o caso de dizer que a ditadura por lá travestida de democracia finalmente tirou a máscara.
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela avalizou a contestada reeleição de Maduro em 28 de julho. O tribunal pediu ao Conselho Nacional Eleitoral, algo remotamente parecido com o nosso Tribunal Superior Eleitoral, que publique os resultados.
O Conselho deu Maduro por reeleito com quase 52% dos votos, mas até hoje não mostrou as atas com os votos obtidos por ele e os demais candidatos em cada zona eleitoral, urna por urna. As atas em posse da oposição revelam que o eleito foi seu candidato.
Maduro controla o governo, o Congresso, a Justiça, tudo no país. O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela ameaça processar quem insista com a tese de que a eleição foi fraudada. Sem as atas, Lula já disse que o Brasil não reconhecerá a vitória de Maduro.