Médico Rodrigo Conti, diretor do ICTDF foi uma das vítimas – (crédito: Renan Lisboa/CLDF)
Fonte: Darcianne Diogo/Correio Braziliense
Um sentimento de vazio, tristeza e famílias devastadas. O grave acidente de trânsito na BR-251, na divisa entre Minas Gerais e Goiás, provocou uma comoção em Brasília, com a morte de quatro pessoas. As vítimas são o médico e chefe do Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), Rodrigo Conti, 42 anos; o enfermeiro que o acompanhava, João Lucas, 28; Guilherme Feitosa, 31, empresário; e Jeferson Henrique Almeida, 29.
Rodrigo Conti, médico renomado e conhecido na capital, saiu de Brasília com João Lucas, que era colaborador da empresa Hudle (prestadora de serviços terceirizados). Os dois estavam em uma Fiorino e seguiam para o Hospital Santa Helena, em Unaí (MG), na intenção de fazer um procedimento cirúrgico em um paciente.
O falecimento de Conti foi um choque para a área de saúde do DF. Prestigiado pelo serviço desempenhado há mais de 20 anos, o profissional deixou um bom legado aos colegas de profissão e aos pacientes já atendidos por ele. Nomeado em dezembro de 2023 para assumir a chefia do ICTDF, Conti também atendia no Hospital Daher há pelo menos 20 anos e em outros hospitais privados.
O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), e a vice-governadora, Celina Leão (PP), prestaram homenagens em suas redes sociais ao médico. A notícia do falecimento do ex-diretor do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF) foi recebida “com profundo pesar” pelo chefe do Executivo local. Em sua conta no X, antigo Twitter, Ibaneis deixou seus “sentimentos à família e aos amigos, para que todos possamos enfrentar este momento difícil juntos.”
Dedicação
Junto a uma foto de Conti, Celina também manifestou suas condolências à família, aos pacientes e aos amigos do médico “que era reconhecido por sua dedicação à medicina, sua grande causa, e a todos”. “Recebemos com profundo pesar a notícia do falecimento do Dr. Rodrigo de Sousa Conti, ex-diretor do Iges-DF, na data de hoje. Manifestamos nosso apoio à família, aos pacientes e aos amigos do médico que era reconhecido por sua dedicação à medicina, sua grande causa, e a todos”, escreveu.
O ICTDF, onde Rodrigo Conti chefiava, emitiu uma nota de pesar. Neste momento de dor, manifestamos nossa solidariedade aos familiares e amigos. Pedimos a Deus que conforte seus corações e conceda paz e serenidade para enfrentar esta imensurável perda. Agradecemos imensamente pelo tempo e dedicação que o Dr. Rodrigo ofereceu ao Instituto de Cardiologia e Transplantes do DF. Seu profissionalismo, honestidade, lealdade, inteligência e competência, aliados à sua sensibilidade para lidar com adversidades e conflitos humanos, serão sempre lembrados e admirados”.
O Hospital Santa Helena, de Unaí, onde Conti faria uma cirurgia em um paciente, decretou luto de três dias em razão do óbito. “Dr. Rodrigo deixa uma família amorosa, amigos queridos e um legado exemplar na saúde, sua paixão. Em homenagem à sua família e memória, o Hospital Santa Helena também anunciou luto de três dias. Deixamos aqui também nossos sentimentos às famílias das demais vítimas envolvidas no acidente”, informou nas redes sociais.
O acidente
Na via contrária, de volta para Brasília, Guilherme Feitosa, dono de uma empresa de baterias localizada em Samambaia, e Jeferson Henrique, um dos funcionários dele, estavam em uma caminhonete S10. No carro, eles traziam várias baterias que haviam ido buscar na cidade mineira para trazer à capital. No começo da tarde de ontem, Guilherme perdeu o controle do veículo e colidiu frontalmente com a Fiorino onde estavam o médico e o enfermeiro.
A batida resultou na destruição total da Fiorino e na morte dos quatro envolvidos. O Correio conversou com Bruna Thaís, mulher de Jeferson. Ela, que mora no Setor O, relatou que o marido costumava viajar para Unaí devido à função que desempenhava na empresa. Na semana passada, por exemplo, ele fez o mesmo trajeto. “Jeferson estava nesse emprego há quase cinco anos e sempre viajava para trazer produtos. O chefe (Guilherme) estava no volante, mas o carro (caminhonete) estava muito pesado por causa das baterias que eles traziam, por isso perdeu o controle do veículo”, relatou a esposa.
Bruna conversou com o marido pela última vez às 15h47 de terça-feira, pelo WhatsApp. Às 17h20, um outro funcionário da empresa chegou a trocar mensagens com Guilherme, mas, depois, nem ele e nem Jefferson deram mais notícias. Sem informações sobre o paradeiro, um familiar de Guilherme se dirigiu para Unaí e se deparou com o acidente na via.
“Ia fazer cinco anos que estávamos juntos. Ele era uma pessoa maravilhosa, não tinha problema com ninguém, era amigo de todo mundo, brincalhão e um esposo maravilhoso. Perdi tudo, ele era o padrasto dos meus filhos, que eram apaixonados por ele. Jeferson ainda deixou outros dois filhos de outra relação”, desabafou.
Até o fechamento desta edição, as datas dos sepultamentos das vítimas não haviam sido informadas. O Correio apurou que os corpos já foram liberados do Instituto de Medicina Legal (IML) da cidade mineira.