Ele é o patriarca da destacada família francesa Saulnier de Pierrelevée, chegada no Maranhão na primeira metade do século XIX
A família Saulnier de Pierrelevée Sá perdeu na tarde da última sexta-feira, (12), o seu maior representante, o ex-procurador da REFFSA e decano da advocacia maranhense, Dr. José de Ribamar de Araújo Saulnier de Pierrelevée.
Advogado formado pela UFMA (OAB-MA N° 723), nasceu em 30/11/1936, filho de Alberto Afonso Estienne Saulnier de Pierrelevée e Maria da Conceição de Araújo Saulnier de Pierrelevée. Morou na Rua do Sol, na Rua Osvaldo Cruz (esquina com a Av. Alexandre de Moura), na Av. Antônio Raposo, no solar da família, e por último, no bairro São Francisco, onde faleceu.
Dr. Saulnier, foi Procurador Federal da REFFSA, depois de galgar por concurso público interno vários cargos, desde estafeta (office boy), como escriturário, e inclusive tendo sido seu diretor comercial. O Dr. Saulnier permaneceu por 42 anos na instituição.
Deixa a viúva, D. Elza Campêlo Saulnier de Pierrelevée, sete filhos, a sua irmã caçula Dra. Léa Araújo Saulnier de Pierrelevée, de 77 anos, residente em Brasília, além de netos, e bisnetos.
Velório e sepultamento
O velório do Dr Saulnier ocorreu desde às 22h de sexta-feira (12), na Sala 7 da Pax, da Rua Grande. Já o sepultamento foi no sábado (13) no Cemitério do Gavião, às 16h.
Família de tradição
O nome Pierrelevée remonta as rampas de entrada dos castelos e significa “pedra suspensa”, nobreza que passou a perder força na França após a queda do imperador Napoleão Bonaparte. O patriarca da família e trisavô de Dr Ribamar, o médico Dr Paul Saulnier de Pierrelevée teria chegado ao Brasil na década de 1820, situando-se em Mato Grosso. Logo em seguida, morou na Bolívia, onde nasceu seu filho Dr Alphonse Saulnier de Pierrelevée, em Chuquisaca. Em seguida, eles desceram o rio Amazonas e passaram a residir em Belém, até que as movimentações da guerra da Cabanagem (1835 – 1840) os estimularam a se estabelecer em São Luís.
Chegados na Ilha do Maranhão, criaram um ninho e se tornaram médicos destacados. Dr Paulo, como o patriarca era carinhosamente chamado, fazia próteses de madeira (de braços e pernas), era cientista de renome atuando na produção de medicamentos e de curas para as moléstias que assolavam as cidades, a exemplo da cólera. Recebeu distinção na França e em Portugal. O filho e também médico, Dr Alphonse, foi o primeiro cirurgião do hospital Português, cujo centro cirúrgico recebeu o seu nome. Após a sua morte, a Praça da Misericórdia foi batizada de praça Dr Alphonse Saulnier de Pierrelevée, bisavô de Dr Ribamar. Seu avô, Eduardo Carlos Saulnier de Pierrelevée, foi Agente Consular da França.
Era tetraneto de Miguel Ignácio dos Santos Freire e Bruce, primeiro presidente da Província do Maranhão após a sua independência, e sobrinho-bisneto do ministro Joaquim da Costa Barradas, primeiro maranhense a ocupar o STF na primeira composição da suprema corte após a proclamação da República.
Por Antonio Noberto
Ex-presidente da Academia Ludovicense de Letras
Academia Vargem-grandense de Letras
Luminescence Academie Française
Autor do livro A Influência Francesa em São Luís e os Benefícios à Atividade Turística, onde tem a oportunidade dentre outros temas, de destacar as tradicionais famílias franco-brasileiras ainda existentes em São Luís do Maranhão, dentre elas a família Saulnier de Pierrelevée
Inspetor da PRF e
2⁰ vice-presidente da Cruz Vermelha no Maranhão
Dr. José de Ribamar de Araújo Saulnier de Pierrelevée era tio materno do editor-chefe do Portal de Notícias Goiás & DF, Dr. Suenilson Saulnier de Pierrelevée Sá. Em nota, ele contou um pouco de sua admiração pelo tio, além da tristeza de sofrer tamanha perda.
“Com imenso pesar, comunico o falecimento aos 87 anos do patriarca da nossa família materna, e um dos decanos da advocacia maranhense (OAB-MA N° 723), o meu Tio, o Dr. José Ribamar de Araujo Saulnier de Pierrelevée na tarde de hoje em sua residência no bairro São Francisco, na cidade de São Luís/MA.
☀️30/11/1936 +12/01/2024
Partiu assim não apenas o meu querido Tio, mas um Pai também, um conselheiro, um referencial na profissão que abracei bastante influenciado por ele, a advocacia.
Ele era exemplo de probidade, trabalhou por longos 42 anos na Reffsa, onde se aposentou como procurador federal.
Homem culto, de raciocínio rápido, elegante, orador excepcional, leal, ético, e um protetor da memória das tradições, e história secular da nossa família.
Era um dos maiores, senão o maior entusiasta do livro que estou finalmente terminando, e que agora também será dedicado à sua memória.
Ficam seu legado, ensinamentos, atos, e as saudades de um grande homem, que partiu para eternidade, e repousa junto ao senhor Deus, e dos nossos ancestrais. Adeus meu Tio, e até o nosso reencontro!”
