No Calcio, o Futebol da Velha Bota, já brilharam inúmeros zagueiros que envergaram a camisa da seleção do Brasil. Sem recorrer a pesquisas, meramente graças ao empenho da memória, sou capaz de citar laterais como Branco (do Genoa), Cafu (Roma e Milan), Junior (Torino e Pescara), Leonardo (Milan), Maicon (o Sisenando, Inter e Roma), Roberto Carlos (Inter) e Serginho (Milan). E também os centrais como Aldair (Roma e Genoa), Edinho Nazareth (Udinese), Júlio César (Juventus) e Lúcio (Inter e Juve). De todo modo, mesmo depois de um longo vasculhar de arquivos, não consegui relembrar outros dois defensores, além de Danilo e de Alex Sandro, simultâneos da “Canarinho” e de mesma equipe, a Juve.
Danilo é um atleta controvertido. Um mineiro de Bicas, 31 de idade, começou a sua carreira no América de BH, passou pelo Santos, se internacionalizou no Porto, atuou por Real Madrid e por Manchester City, mas somente na “Senhora” de 2019 o treinador Maurizio Sarri estimulou a sua versatilidade. Paulatinamente se transformou num multímodo, eficiente nos dois flancos do campo e ainda no miolo, em casos de emergência. Max Allegri, o atual mister da Juve, não hesita sequer em utilizá-lo como um volante de contenção. Já disputou 78 partidas na Série A e registrou 4 tentos. Em 45 pela seleção, anotou um gol.
Um frequentador habitual das listas de negociáveis pela Juve, também na seleção Alex Sandro permanece longe da garantia de titularidade que mereceram, por exemplo, Roberto Carlos ou Marcelo, ex-Real Madrid e, hoje, em busca de um clube. Paulista de Catanduva, 31 de idade, de passagens pelo Athletico/PR, pelo Santos e pelo Porto, na “Senhora” desde 2019, disputou 272 partidas na Série A e registrou 15 tentos. Na “Canarinho”, 37/2. Todavia, briga pela posição com Guilherme Arana (Atlético/MG) e com Renan Lodi (Atlético de Madrid). Sua vantagem: como Danilo, se tornou um coringa sob Maurizio Sarri.
Esse cenário, de todo modo, pode sofrer uma alteração interessantíssima porque a Juventus, agora, ostenta três brasileiros na sua retaguarda: acaba de ganhar uma luta intrincada pelo contrato de Bremer, escolhido pela mídia da Itália como o melhor de todos os centrais da sua Série A na temporada de 2021/2022. Um baiano de Itapitanga, nascido em 26 de Janeiro de 1991 e por extenso Gleison Bremer Silva Nascimento, na verdade deveria se chamar Brehme, homenagem ao craque da “Mannschaft”, autor do gol de pênalti que propiciou, à Alemanha, o título da Copa da Itália/90, final polêmica diante da Argentina. O erro do escrivão estragou a honraria imaginada pelo pai.
De passagens pelo Desportivo Brasil de Porto Feliz/SP, pelo São Paulo e pelo Atlético/MG, na Itália desde 2018, Bremer ainda não mereceu uma convocação por Adenor Bachi, o Tite. Integra, contudo, o rol de seus observados. E ganhou mais atenção pelo vasto montante da transação, equivalente a R$ 220 mi, e principalmente porque a Juve suplantou concorrentes poderosos, de capital estrangeiro, a Inter de grana chinesa e o PSG do petróleo catariano. A briga valeu. Embora vigoroso e muito forte, fisicamente, com 1m88 de altura e 82kg de peso, Bremer é um beque clássico, elegante, de excelente toque de bola. Consegue realizar a marcação cerrada sem cometer infrações. Faz o desarme limpamente e inicia logo a transição ao ataque.
Um negócio de fato primoroso, para a “Senhora”, que se desvencilhou do neerlandês Matthijs de Ligt sem titubear. Além de responsável direto por seis dos nove penais que a Juve cometeu no “Nazionale”, pressionou a agremiação para que antecipasse uma reforma de contrato de duração até 2025. E o Bayern de Munique topou pagar a bagatela de cerca de R$ 300 mi pela sua liberação. Consequência: uma bela sobra de R$ 80 mi, que fartamente compensou os “bianconeri” pelo investimento em outros dois recém-chegados, ambos de passe livre porém de salários gordos. Casos de Ángel Di Maria, um ala argentino originário do PSG, e de Paul Pogba, um volante franco-guineense que já fôra da Juve, se mudou ao Manchester United e agora voltou. Agregados a Dusan Vlahovic, ambos recolocarão a “Senhora” no encalço dos títulos do Calcio e da UEFA.
Sobre o miolo da retaguarda que partilhou com de Ligt e com o capitão Gigi Chiellini, quase aposentado nos EUA, comenta o novo líder da “Senhora”, Leo Bonucci: “Será muito difícil que alguém substitua o Chiello. Mas, estou seguro, Bremer chega pronto para o desafio. É humilde e inteligente o suficiente para vestir uma “maglia”, como a nossa, sem se achar o dono do mundo. Aquele rapaz que se despediu daqui fôra acolhido por gente que o auxiliou a crescer, num time que apostou no seu amadurecimento e, ainda assim, estupidamente desrespeitou. Azar dele…”
Gostou? Clique num dos ícones do topo para “Compartilhar”, ou “Twittar”, ou deixe sua opinião no meu “FaceBook”. Caso saia de casa, seja cauteloso e seja solidário, use máscara, por favor. E fique com o abraço virtual do Sílvio Lancellotti! Obrigadíssimo!