O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciará neste sábado (23) se o nível máximo de alerta será ativado ou não para lidar com o surto de varíola do macaco.
Tedros aparecerá em uma coletiva de imprensa virtual às 9 horas de Brasília, anunciou a organização da ONU na noite da última sexta-feira (22).
A declaração não especifica a natureza do anúncio de Tedros, no momento em que o surto de casos de varíola do macaco afeta 15.800 pessoas em 72 países, segundo dados atualizados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) até 20 de julho.
Tedros expressou “sua preocupação” com o aumento do número de casos na quinta-feira, durante a abertura da reunião do comitê de emergência de especialistas que estuda se o atual surto da doença justifica ou não o mais alto nível de alerta.
O chefe da OMS tem a responsabilidade de declarar a possível emergência de saúde pública de âmbito internacional, nível máximo de alerta do órgão de saúde, que deve desencadear toda uma série de ações por parte dos países membros.
Em uma primeira reunião, em 23 de junho, a maioria dos especialistas recomendou que Tedros não declarasse emergência de saúde pública de âmbito internacional.
“A varíola está fora de controle, não há razão legal, científica ou de saúde para não declarar uma emergência de saúde pública de magnitude internacional”, disse Lawrence Gostin, especialista americano em direito da saúde pública e diretor do Centro de Direito da Saúde da OMS, em uma publicação no Twitter, na sexta-feira.
Desde o início de maio, foi detectado um aumento incomum de casos fora dos países da África Central e Ocidental onde o vírus é endêmico, espalhando-se por todo o mundo, com um alto número de infecções na Europa.
A varíola do macaco – detectada pela primeira vez em humanos em 1970 – é menos perigosa e contagiosa do que sua prima varíola, erradicada em 1980.
Na maioria dos casos, os pacientes são homens relativamente jovens que têm relações homossexuais e geralmente vivem em cidades, disse a OMS.
De acordo com um estudo do New England Journal of Medicine com 528 pessoas em 16 países – o maior até o momento – 95% dos casos foram transmitidos sexualmente.
“Esta forma de transmissão representa tanto uma oportunidade para intervenções de saúde pública direcionadas quanto um desafio, pois as comunidades afetadas em alguns países enfrentam formas de discriminação como risco de vida”, disse Tedros.
O chefe da OMS disse que “há uma preocupação real de que homens que fazem sexo com homens possam ser estigmatizados ou culpados pelo surto, tornando mais difícil rastrear e conter os casos”.
Nesse sentido, Gostin destacou que se o motivo para não declarar um alerta máximo “se deve ao fato de se restringir à comunidade de homens que fazem sexo com homens, isso é um erro e é escandaloso”.
Na sexta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou estender o uso de uma vacina contra a varíola para combater a propagação da varíola do macaco, que já é usada em vários países.
Em 2013, a UE aprovou a vacina Imvanex, da empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, para prevenir a varíola. Seu uso agora é estendido devido à sua semelhança com o vírus da varíola dos macacos.
A OMS recomenda vacinar as pessoas de maior risco, bem como os profissionais de saúde que possam estar expostos à doença.