A campanha tem sido essencial para desmistificar o tema e incentivar as pessoas a buscarem ajuda. Foto: Ilustrativa
Durante o mês de janeiro, o município realizará diversas ações para conscientizar a população sobre os cuidados com a saúde mental. O Jornal Opção Entorno entrevistou o secretário de Saúde de Luziânia e o especialista em saúde mental, Beto Cruz, sobre a importância da campanha
Fonte: Paulo Henrique Magdalena/Jornal Opção
A campanha busca, sobretudo, quebrar estigmas e incentivar o autocuidado. Com uma programação diversificada, as ações abrangem palestras, capacitações e projetos voltados para escolas, postos de saúde e comunidades.
Esses encontros abordam temas como prevenção ao adoecimento emocional, manejo do estresse e a valorização da saúde mental no dia a dia. Além disso, profissionais de saúde estão sendo capacitados para oferecer um atendimento mais humanizado, com foco na escuta ativa e no acolhimento.
A Secretaria também está promovendo campanhas de conscientização nas redes sociais e em espaços públicos, buscando desmistificar o cuidado com a saúde mental e incentivar a população a procurar ajuda quando necessário.
Saúde mental nas escolas
Nas escolas, um projeto-piloto em parceria com a Secretaria de Educação está sendo implementado e inclui oficinas educativas para alunos e professores, abordando questões como bullying, ansiedade e depressão, além da criação de espaços de escuta para aqueles que desejam compartilhar suas preocupações emocionais em um ambiente seguro.
As famílias também estão sendo incluídas por meio de encontros voltados para sensibilização de pais e responsáveis, ampliando a rede de apoio no contexto familiar.
Acesso aos serviços
Nos postos de saúde, além da capacitação das equipes, a Secretaria está reforçando o acesso aos serviços de psicologia e psiquiatria. Grupos terapêuticos estão sendo promovidos em parceria com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), visando oferecer um atendimento mais acessível e humanizado.
“Estamos investindo para que os cidadãos encontrem um ambiente acolhedor e tenham à disposição profissionais qualificados. Sabemos que o acesso ainda é um desafio, mas estamos ampliando nossas estruturas para atender essa demanda crescente”, afirmou o secretário de Saúde de Luziânia, Glênio Magrini.
Integração e avanço nas políticas públicas
Para o secretário, a integração com outras áreas da gestão é fundamental para o sucesso das ações. “O diálogo com a Educação e a Assistência Social está nos ajudando a alcançar mais pessoas e criar estratégias preventivas que realmente funcionem. Saúde mental não é um problema isolado, ela perpassa todos os aspectos da vida de uma pessoa, seja na escola, no trabalho ou na família”, enfatizou Magrini.
O secretário finalizou reforçando a importância de iniciativas como o Janeiro Branco para a conscientização e o avanço nas políticas públicas. “Este é o momento de refletir, discutir e agir. Queremos deixar claro para a população que buscar ajuda é um ato de coragem e cuidado consigo mesmo. Nosso compromisso é fazer de Luziânia uma referência no cuidado com a saúde mental, garantindo que ninguém fique sem apoio quando precisar”.
Desafios do Janeiro Branco
Para entender melhor os desafios relacionados à saúde mental, o Jornal Opção Entorno conversou com o professor universitário e especialista em saúde mental, Beto Cruz. Ele destacou dois pontos principais: o preconceito em torno do adoecimento mental e as dificuldades de acesso aos serviços de saúde.
“O primeiro é o estigma, ou seja, o preconceito relacionado ao adoecimento mental, que é uma herança cultural de séculos e ainda dificulta que as pessoas aceitem e busquem tratamento para problemas de saúde mental. O segundo ponto é a questão do acesso aos serviços de saúde, pois ainda enfrentamos uma elitização do atendimento psicológico, com dificuldades para muitas pessoas acessarem os serviços, seja por barreiras financeiras ou falta de infraestrutura pública adequada”, explicou.
Sobre o papel do Janeiro Branco, Beto acredita que a campanha tem sido essencial para desmistificar o tema e incentivar as pessoas a buscarem ajuda. “O Janeiro Branco ajuda a quebrar o preconceito sobre o adoecimento mental, além de encorajar as pessoas a procurarem ajuda. Isso aumenta a demanda pelos serviços de saúde mental, o que pode pressionar as políticas públicas a se ajustarem, promovendo a abertura de mais serviços, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), hospitais e ambulatórios especializados”, afirmou.
O especialista alerta, no entanto, para a necessidade de um diagnóstico adequado feito por profissionais qualificados. “É fundamental que qualquer suspeita de um comportamento patológico leve à busca de um profissional qualificado, que possa fazer uma avaliação adequada. Vivemos hoje em um contexto de medicalização excessiva do comportamento, o que pode gerar diagnósticos precipitados ou inadequados”, concluiu.